Erros
É comum que, ao ser detectado um erro, seja buscada a imputação de responsabilidade a quem o cometeu. Na esfera policial militar, é possível e preferível tentar ainda buscar a parcela de culpabilidade dos demais sobre as razões que deram causa ou permitiram que o fato assim se procedesse.
Pense-se inicialmente que haverá sempre a figura do comandante, seja ele o mais alto dos coronéis ou o recruta cuja antiguidade o coloque em condição relativamente superior à do colega também novato. Acompanhar como o trabalho tem sido efetuado é dever inerente à função de chefia, sua inobservância tende a provocar surpresas e posteriores reações tardias, até inócuas, com demérito a quem determina.

Não necessariamente está se tratando de crime ou algo do tipo, basta imaginar simples falhas do dia-a-dia, onde a disciplina consciente da coletividade não satisfaz o preceituado pela deontologia policial militar, requerendo então algum acompanhamento periódico do cumprimento de metas, da obediência às normas.
Supondo-se um ambiente operacional, pode ser considerado um hipotético ambiente em que o policial do módulo é vezeiro em dormir no posto, o do PO quase nunca se mantém na área determinada, a viatura é várias vezes utilizada para fins particulares. São falhas possíveis de ocorrer, contudo a partir do momento em que se tornarem comprovadamente costumeiras, fica subetendida provável leniência da autoridade responsável pela vigilância do emprego.
Na área administrativa, seria como flagrar tardiamente que os documentos estão sendo impressos com erros diversos, que os prazos não estão sendo cumpridos, formalidades estão sendo desautorizadamente desprezadas, tudo isso por longo período. São erros cujo acompanhamento intenso e constante seriam capazes de logo contornar, contudo a relapsia em fazer vistas aos detalhes acentua a progressão em forma de avalanche, até o dia em que estoura atingindo patamar de difícil reconstrução.
Inevitavelmente alguma atenção precisa ser dispensada para fins de checagem do real cumprimento de ditames, sob pena de criação de falsa impressão da realidade, crendo-se que ocorre algo, quando na verdade as ações são outras distintas, o que leva à extensão da responsabilidade diversos escalões acima do nível em que a ação ou omissão se deu. Não só em relação ao que sequer tinha conhecimento da situação, mas principalmente do que estava ciente e não reagiu, tendo que ser impulsionado a tomar providência.
Se um executor lotado em departamento destacado não cumpre bem suas funções há tempos, antes de imputar-lhe toda culpa, é preciso saber quem tinha o dever de reprimi-lo antes e não o fez. Dessa autoridade, deve-se investigar quem o manteve por tanto tempo sem que apresentasse resultados eficazes. Da próxima, quem nomeou o líder, permitindo sua permanência, sem que tivesse compromisso com a função. A articulação precisa ser desenhada do início ao fim, sem parar naquele que ocupa o extremo da linha, como se fosse suficiente sua responsabilização.

Tenente da Polícia Militar da Bahia e estudante de Jornalismo | Contato: victor_ffonseca@hotmail.com
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